O Pai do Meu Amigo

Quando eu era criança, as amizades que eu fazia na escola eram muito importantes para mim. Era ali, entre cadernos rabiscados e recreios barulhentos, que eu conhecia pessoas que se tornariam parte da minha vida.

Pastor Maycon Soares

10/8/20256 min read

No começo, tudo era novo e às vezes estranho. Alguns colegas logo se aproximavam, outros demoravam mais. Mas o tempo ia passando, e os laços de amizade se formavam. Quem nunca passou pela experiência de conhecer um amigo na escola, caminhar com ele dia após dia, e depois de muita convivência chegar o momento especial de levá-lo em casa para que nossos pais também o conhecessem? Era um passo natural na amizade: apresentar alguém tão importante para aqueles que mais amamos.

A amizade com Jesus começa de forma parecida. Um dia, sem perceber, eu O encontrei (ou melhor, Ele me encontrou). Foi como conhecer um colega novo. No começo, eu só ouvia falar dEle — alguém me contou sobre esse Jesus, alguém falou que Ele era especial, que Ele era diferente. Eu ouvia histórias sobre o Seu amor, sobre milagres, sobre como Ele era amigo de todos, especialmente daqueles que se sentiam sozinhos ou rejeitados. Aos poucos, esse Jesus deixou de ser apenas um nome para se tornar alguém real na minha vida.

Com o tempo, comecei a entender que Ele não era como os outros amigos que eu tinha conhecido antes. Ele tinha uma forma única de se aproximar: não me cobrava nada em troca, não ria das minhas falhas, não se afastava quando eu errava. Pelo contrário, parecia que cada tropeço meu era mais um motivo para Ele me estender a mão. Eu percebia que Ele sabia das minhas dores, das minhas angústias, dos meus medos mais secretos. E ainda assim não desistia de caminhar comigo.

Foi então que compreendi que Ele não era apenas um amigo passageiro, mas um verdadeiro companheiro para toda a vida. Jesus não é um amigo que chega quando tudo está bem e vai embora quando os problemas aparecem. Ele permanece mesmo quando todos os outros se afastam. Ele é aquele que fica quando o silêncio toma conta da sala, quando a solidão parece gritar mais alto do que qualquer voz. Ele está presente quando as lágrimas escorrem no travesseiro, quando o coração pesa e a mente não encontra respostas. Ele não se assusta com minhas falhas nem com minhas limitações. Pelo contrário: quanto mais fraco eu me sinto, mais forte Ele se mostra.

Foi nesse processo de descoberta que percebi o quanto essa amizade era diferente. Ele não apenas se apresentava como amigo, mas também me convidava a viver uma nova vida. Jesus mesmo disse: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15:15). De repente, percebi que Ele queria algo mais profundo: não só andar comigo, mas me revelar segredos do coração de Deus.

Essa amizade foi me transformando. Antes eu achava que ser amigo era apenas compartilhar risadas ou confidências. Mas com Jesus eu descobri que amizade também é obediência, é confiança, é seguir juntos em um mesmo caminho. Ele mesmo disse: “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (João 15:14). No início, essas palavras soaram como uma exigência. Mas depois entendi que não se tratava de imposição, mas de amor. Assim como um amigo de verdade não nos aconselha a fazer algo para nos prejudicar, mas sim para o nosso bem, Jesus me convida a obedecer porque sabe o que é melhor para mim.

Com Ele aprendi que a amizade verdadeira não afasta, mas aproxima. Não destrói, mas edifica. Não abandona, mas permanece. E aos poucos, eu já não conseguia imaginar a vida sem a presença desse Amigo. Tudo começou como um simples encontro, mas logo se tornou uma amizade firme, sólida, verdadeira.

E então chegou o momento em que eu senti no coração o desejo de conhecer mais sobre Ele. Foi como aquele instante da infância em que pensamos: “Preciso levar meu amigo para conhecer minha família. ” Só que, no caso de Jesus, aconteceu o contrário. Foi Ele quem me convidou a conhecer alguém muito especial: o Pai dEle.

Esse foi um dos momentos mais marcantes da minha jornada. Porque até então eu via Jesus como meu companheiro, meu conselheiro, meu amigo que nunca falhava. Mas quando Ele me levou até o Pai, percebi que a amizade com Ele tinha um propósito ainda maior. Não era apenas sobre andar junto aqui na terra, mas sobre ser reconectado com Deus. Ele mesmo disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6).

Mas havia algo que eu ainda não entendia completamente. Se Jesus era tão perfeito, tão amoroso e tão amigo, como poderia Ele querer andar comigo, alguém cheio de falhas e pecados? Foi então que Ele me mostrou a verdade mais profunda dessa amizade: ela custou um preço.

Jesus não apenas caminhou ao meu lado; Ele se entregou por mim. A maior prova de amizade que alguém pode dar é entregar a própria vida em favor do outro. E foi exatamente isso que Ele fez. A cruz não foi um acidente de percurso, nem apenas uma injustiça da história. Foi o plano perfeito de Deus para nos resgatar. Ali, pregado no madeiro, Jesus tomou sobre Si os meus pecados e os teus. Ele derramou o Seu sangue como um pacto eterno, para que pudéssemos ser perdoados e reconciliados com o Pai.

A Bíblia diz que “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hebreus 9:22). Por isso, foi necessário que o Amigo verdadeiro fosse até o fim. Ele não desistiu de mim quando viu o preço que teria que pagar. Pelo contrário: Ele suportou a dor, a humilhação, a coroa de espinhos, os cravos nas mãos e nos pés, porque sabia que através daquele sacrifício eu poderia ser chamado filho de Deus.

Naquele dia, na cruz, a amizade foi selada com sangue. Não era apenas a amizade de um companheiro de jornada, mas a amizade de alguém que me amou até a morte. E é por causa desse amor que hoje eu posso chamar o Pai dEle de meu Pai também.

Quando Jesus bradou: “Está consumado! ” (João 19:30), não era apenas o fim da Sua dor, mas o início da minha liberdade. Ele pagou a dívida que eu não podia pagar. Ele abriu o caminho que estava fechado. O véu do templo se rasgou de alto a baixo, mostrando que agora, por meio dEle, eu tenho acesso ao coração do Pai.

Foi emocionante descobrir que o Pai do meu Amigo agora também era meu Pai. E isso não aconteceu porque eu merecia, mas porque Jesus me levou até Ele. Ele é o mediador, o amigo que abre o caminho, o Filho que deseja que todos nós experimentemos a paternidade de Deus. Quando aceitei esse convite, percebi que a amizade com Jesus não se limita a esta vida, mas se estende para a eternidade.

Agora eu sei: o Pai do meu Amigo é também o meu Pai. E essa é a maior dádiva que alguém poderia me oferecer. Jesus não apenas me resgatou, não apenas me deu companhia, mas me apresentou ao Criador do universo como alguém amado e aceito. Ele me reconciliou com Deus, e isso mudou completamente minha história.

Desde então, minha vida nunca mais foi a mesma. Posso enfrentar dias bons ou ruins, momentos de alegria ou de dor, mas tenho a certeza de que não estou sozinho. Tenho um Amigo fiel ao meu lado e um Pai Amoroso que me guarda. Essa é a beleza do evangelho: Deus não nos oferece uma religião fria, mas um relacionamento vivo, íntimo e pessoal.

E é por isso que hoje eu escrevo estas palavras. Porque assim como eu um dia fui apresentado a esse Amigo maravilhoso, quero te apresentar também. Talvez você já tenha ouvido falar dEle, talvez até já saiba algumas histórias. Mas a verdadeira amizade começa quando você abre o coração e decide caminhar com Ele.

Jesus não está distante. Ele está mais perto do que você imagina. Ele te chama para uma amizade sincera, duradoura e transformadora. E, ao aceitar esse convite, você descobrirá que o Pai dEle também será o seu Pai.

Essa é a maior decisão que você pode tomar na vida. Porque amizades terrenas vão e vêm, mas essa amizade é eterna. Jesus prometeu estar conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Ele não falha, não abandona, não mente. Ele é fiel.

Hoje eu te convido a fazer essa escolha. Não como quem entra para um grupo ou assina um contrato, mas como quem abre a porta do coração para receber um Amigo. Ele já está à porta e bate, esperando que você permita a entrada. E quando Ele entrar, vai trazer paz, esperança e vida em abundância.

Permita-se conhecer o Amigo que muda destinos. Permita-se conhecer o Pai que transforma vidas. Experimente o amor que restaura, a graça que perdoa, a presença que nunca abandona.

Feche os olhos por um instante e faça dessa leitura uma oração. Diga a Ele em silêncio: “Jesus, eu quero ser Teu amigo. Eu aceito o Teu convite. Apresenta-me ao Teu Pai, porque eu quero ser filho dEle também. ”

Se você fez essa oração de coração, saiba que hoje mesmo o céu se alegra por sua decisão. O Pai do meu Amigo agora é o seu Pai também. E essa amizade jamais terá fim.

Pastor Maycon Soares